Regadio de Alqueva apontado como alternativa para alimentar o gado 
29.03.2012 - 18:37 Por Carlos Dias
Empresário agrícola garante que cultura de erva fresca estaria disponível já em Maio para alimentar dezenas de milhares de cabeças de gado, reduzindo-se, assim, a importação de rações.
O agricultor diz que bastariam entre 600 a 1000 hectares de terra com acesso à água para produzir alimento verde e fresco, frisando que esta cultura seria competitiva com as do milho e girassol, mas com uma enorme vantagem acrescida. Enquanto estas duas culturas estarão disponíveis em Setembro, a produção de erva estaria em condições de ser colhida já em Maio, possibilitando ainda a recolha de mais matéria verde nos meses seguintes. Pelas suas contas, poderiam ser produzidos 3,6 milhões de quilos de erva, se fossem cultivados cerca de mil hectares.
A alternativa que está a ser seguida pelo Ministério da Agricultura implica gastos com a aquisição de rações no mercado espanhol e francês, acrescidos dos custos de transporte das rações.
Caso os agricultores optassem pela produção de erva em vez de milho ou girassol, "obteriam praticamente o mesmo ganho", cerca de 3000 euros por hectare cultivado, disse António Barradas. Mas para que produção de forragens fosse competitiva, a Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas de Alqueva (EDIA) "teria de fornecer a água gratuitamente" durante este novo período de seca que a região está a enfrentar.
"Bastariam 25 pivots e canhões de rega" dos 50 que existem neste momento no perímetro de rega de Serpa para irrigar os mil hectares de plantação de erva, concretiza.
O consumo de água na rega seria de 4 a 5 mil metros cúbicos por hectare, ou seja, metade da que é necessária para a produção de milho (9000 metros cúbicos).
Peres de Sousa, investigador e professor na Escola Superior Agrária de Beja, considera que a ideia "deve ser apoiada" mas "tem de haver planeamento" da cultura e o envolvimento dos agricultores que se mostrem interessados.
Não se aprendeu com 2005
O docente questiona as bocas de rega que continuam sem ser utilizadas nalguns blocos de rega de Alqueva, considerando "inadmissível" que se tenha gasto "uma pipa de massa" na maior infra-estrutura de rega do país e que "não se esteja a produzir", criticando os organismos públicos por "não terem tirado ilações do que aconteceu em 2005", quando o país sofreu os efeitos da seca severa e extrema.
Peres de Sousa argumenta que Alqueva tem condições para "dar apoio em palhas e forragens" à actividade pecuária que existe em "um milhão de hectares" no Alentejo e que não beneficiam de sistema de rega.
Também Franscisco Palma, presidente da Associação de Agricultores do Baixo Alentejo, considera "positiva" a proposta apresentada por António Barradas, sugerindo que esta fosse enquadrada num programa que facultasse forragens gratuitas aos produtores pecuários que neste momento se encontram "descapitalizados".
O deputado do PSD Mário Simões, a quem António Barradas apresentou a sua proposta, considera que pode ser uma "boa alternativa" à aquisição de rações no mercado europeu, com custos acrescidos para o erário público. Neste sentido vai sugerir ao grupo parlamentar do seu partido que apresente um projecto de resolução que contemple a produção de forragens para fornecer os produtores pecuários em dificuldades.
Pôr a produzir as terras do Estado
O deputado Mário Simões vai avançar junto do grupo parlamentar com uma proposta para que a bolsa de terras do Estado que se encontram dentro da área sob influência de Alqueva seja utilizada na produção de forragens.
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